Contos Afro-Brasileiros: Cadernos Negros Volume 34
Ano de 2011 em Dezembro veio
ao público no evento da Feira Preta no dia 15, em São Paulo, mais um volume de
Cadernos Negros. Muito se tem falado e escrito sobre
a persistência aguerrida desta coletânea que ao longo de
quase três décadas e meia tem mantido vivo o espírito coletivo de uma
literatura negra que ajudou a fomentar por meio da publicação de poemas e
contos. A reflexão sistemática promovida, nos mais diversos momentos,
sobre o fazer literário, envolveu e envolve profissionais, na maioria
negra, dos mais variados campos de atuação do conhecimento, tendo
como ponto de partida os autores e autoras que publicam seus contos e poemas.
Ao longo destes anos Cadernos Negros
atraiu um número significativo de leitores, seguidores e estudiosos
de literatura tanto no território nacional como fora do país, como nos Estados
Unidos, Alemanha, França, Angola, além de ter sido indicado
como bibliografia de vestibular na Bahia.
O volume 34, trás 21 autores: Ademiro Alves
(Sacolinha), Adilson Augusto, Claudia Walleska, Conceição Evaristo, Cristiane
Sobral, Cuti, Débora Garcia (estreante em CN), Denise Lima (estreante em CN),
Elizandra Souza, Esmeralda Ribeiro, Fátima Trinchão, Fausto Antônio, Guellwaar
Adún, Henrique Cunha Jr, Jairo Pinto, Luis Carlos ‘Aseokaýnha’, Mel Adún,
Mighian Danae (estreante em CN), Miriam Alves, Onildo Aguiar, Thyko de Souza.
Alguns com larga
experiência e extenso currículo de publicação e vivência literária, como
participação em seminários e congressos, organizadores de antologias e livros
de textos críticos onde vários aspectos da literatura negra são teorizados e
debatidos, três autoras estreiam com seus contos, outros autores
publicam pela segunda vez no coletivo cooperativado Cadernos
Negros.
Esta diversidade de experiência entre
os autores, que ora publicam neste volume 34, imprime ao livro uma coerência no
ato da escrita, e uma riqueza no tratamento dos temas, que tem como eixo
principal a vivência do negro brasileiro em suas infinitas possibilidades de
sentimentos e ações.
Este volume em especial demonstra uma
maturidade literária no trato com a palavra e dos temas desenvolvidos.
Maturidade esta conquistada no fazer literário constante com a preocupação de
colocar em primeiro plano o ponto de vista daqueles que raramente são
retratados na literatura brasileira, e quando são ocupam
papéis eivados de estereótipos negativos que sobejam em preconceitos
raciais explícitos ou subliminares.
Cadernos
Negros volume 34 reafirma a existência de uma literatura negra e inscreve no
cenário da literatura brasileira a resistência através da escrita e a conquista
de espaços, apertados ainda, mas que vamos alargando com
a insistência de nossos verbos, e robustez de
nossas vivências substantivas.